quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Os audiolivros chegaram a Portugal!


Afinal quem é que ouve audiolivros por cá?

Quem pensava que a evolução do livro tinha chegado ao fim, enganou-se. Agora vai poder comentar que acabou de ‘ouvir’ um livro.

A História conta-nos que, na Antiguidade, a leitura era um acto sonoro e colectivo, porém, a invenção da imprensa, por parte de Gutenberg, veio remeter a leitura para o plano do privado e do silêncio. O acto de ler passou a ser uma experiência individual.

O avanço tecnológico permite agora ouvir livros através de um leitor portátil, sendo possível transportar uma mini-livraria no bolso. A conversa da falta de tempo vai deixar de ser desculpa. Dentro em breve vai ser possível limpar a casa, passear o cão, fazer ginástica enquanto se ouve um livro. Original, mas não tanto. Quem não se lembra de ouvir a história A Branca de Neve e os Sete Anões ou O Capuchinho Vermelho em vinil ou cassete?

No resto da Europa e nos Estados Unidos, o audiolivro já não é novidade. Alguns destes "livros", como a autobiografia do ex-presidente americano Bill Clinton e o best-seller Harry Potter, foram inclusivamente indicados ao prémio Grammy.

No entanto, em Portugal, os livros falados estão actualmente destinados a crianças ou a invisuais, não existindo muita escolha.

Uma das maiores resistências que os promotores dos audiolivros têm de vencer relaciona-se com a ideia de que estes novos suportes (primeiro a cassete, depois o CD e agora o mp3 e o ipod) alimentam uma certa preguiça dos leitores e contribuem para a iliteracia. Este problema foi várias vezes aflorado, onde Sandra Silva explicou que se "Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé". Se os jovens não procuram a literatura, vai a literatura ter com eles, parece ser o objectivo.

Para isso, nesta primeira fase dos “Livros para Ouvir”, a editora disponibiliza seis contos clássicos de autores portugueses:
A Estranha Morte do Professor Antena, de Mário de Sá-Carneiro (lido por João Perry);
Civilização, de Eça de Queirós (por José Wallenstein);
Mulher de Perdição, de Florbela Espanca (Alexandra Lencastre);
Sempre Amigos, de Fialho de Almeida (Eunice Muñoz);
Sete Mulheres, de Camilo Castelo Branco (Nuno Lopes) e
Um Jantar muito Original, de Fernando Pessoa (São José Lapa).

Mas quantas pessoas ao certo é que ouvem audiolivros por cá?

Gostos não se discutem...


(in Time Out Lisboa, 10ª edição)

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